Podemos situar a interdependência saudável (a capacidade de nos ligarmos e nos relacionarmos com os outros) num continuum entre a dependência desadaptativa (submissão) e a independência rígida (desapego desconectado). Algumas pessoas do polo da independência rígida têm na verdade poderosas necessidades de dependência, que mantêm fora da consciência via negação. De igual modo procuram muitas vezes cuidar de outros que necessitem delas ou colocar esses outros e mantê-los dependentes desses cuidados ou apoios.
Estas pessoas têm na verdade uma perturbação dependente de personalidade mascarada por uma pseudo-independência. Nas suas relações definem-se como aquelas cujos outros dependem delas, e sentem orgulho por ser capazes de tomar conta delas próprias.
Exemplo: A filha adolescente de 17 anos de uma mãe médica carreirista e solteira vêm à psicoterapia por grandes dificuldades de autonomia e autoconfiança. A mãe que sempre cuidou da filha faz algumas queixas no sentido de se sentir por vezes sobrecarregada com a responsabilidade pela filha. À medida que a psicoterapia avança a adolescente começa a sentir-se mais capaz de cuidar sozinha dela mesma e das suas necessidades, a confiança nela própria aumenta e aproxima-se do nível adequado de autonomia para a sua idade. Em simultâneo a mãe da adolescente vai deixando de conseguir funcionar profissionalmente.
As pessoas contradependentes tendem a ser pouco tolerantes com expressões de necessidade e podem sentir desprezo pela vulnerabilidade emocional percebida nelas próprias ou nos outros.
Frequentemente as pessoas contradependentes têm uma dependência secreta, por exemplo, dependência de uma substância química, de um companheiro, de um mentor, de uma ideologia. Algumas pessoas contradependentes têm uma tendência para adoecer ou em sofrer acidentes que lhes dá um motivo "legítimo" para serem cuidados por outros.
São pessoas que raramente procuram a psicoterapia por eles próprios, sendo algumas vezes empurrados para a psicoterapia por companheiros que se sentem ávidos de uma intimidade emocional genuína.
Na psicoterapia são pessoas que precisam de ajuda de modo a aceitar as suas necessidades de dependência enquanto uma parte natural delas próprias como seres humanos. Tal é o pré-requisito para que consigam um equilíbrio posterior entre a ligação com os outros e a capacidade de funcionarem autonomamente, sem necessitarem de outros que dependam delas. Durante a psicoterapia tende também a surgir eventualmente um processo de luto de necessidades que nunca foram satisfeitas nas relações precoces com os cuidadores da infância, que posteriormente dá lugar a uma autonomia mais genuína.
Preocupação/tensão central: Demonstrar a não dependência dos outros/Vergonha da dependência
Afetos centrais: Desprezo; Negação das emoções mais "fracas" (medo, tristeza, inveja e saudade)
Crença patogénica característica sobre si próprio(a): Não preciso de ninguém
Crença patogénica sobre os outros: Os outros dependem de mim e precisam que eu seja "forte"