A ansiedade é característica transversal da esmagadora maioria dos problemas psicológicos. Perto da fronteira com a psicose, as pessoas com psicologias movidas pela ansiedade tornam-se tão inundadas pelo medo que o funcionamento defensivo em torno da negação e da projeção torna-se central. Nestes casos o diagnóstico de perturbação paranóide de personalidade poderá ser mais adequado.
As pessoas que sofrem de uma perturbação ansiosa de personalidade estão cronicamente conscientes da sua ansiedade, já que os esforços defensivos contra essa ansiedade falham na função de manter a apreensividade fora da consciência. Contrariamente ao que acontece nas fobias, onde a ansiedade se liga a determinados objetos ou situações, as pessoas caracterologicamente ansiosas vivem uma ansiedade global e difusa, frequentemente não sabendo o que as assusta.
A ansiedade-sinal (sensações afetivas que nos dizem que certas situações foram perigosas para nós no passado), a ansiedade moral (medo de violação dos próprios valores), a ansiedade de separação (medo da perda das figuras principais de vinculação) e a ansiedade de aniquilação (terror da fragmentação ou da perda do sentido do Eu) todas elas podem ser discerníveis em pessoas que sofram de uma perturbação ansiosa de personalidade. Regra geral, quanto mais grave o nível de organização da pessoa ansiosa, mais provável que a ansiedade de aniquilação domine o quadro clínico.
A fonte da ansiedade caracterológica relaciona-se com a desregulação afetiva e com falhas no desenvolvimento de estratégias internas ou defesas destinadas a mitigar os medos normais do desenvolvimento. As pessoas que sofrem de ansiedade caracterológica referem tipicamente cuidados ansiosos por parte de um cuidador de infância que, devido à sua própria ansiedade, dificilmente conseguia acalmar adequadamente a ansiedade da criança, transmitir um sentimento de segurança ou apoiar um sentido de controlo/mestria interior das emoções. Todos estas são áreas de foco prioritário num trabalho posterior de psicoterapia.
Preocupação/tensão central: Segurança/perigo
Afetos centrais: Medo
Crença patogénica característica sobre si próprio(a): Estou em perigo constante por forças desconhecidas
Crença patogénica sobre os outros: Os outros são fontes ou de proteção ou e perigo