Psicologia e psicoterapia infantil

"Que maravilhoso é imaginar que os melhores dias de nossas vidas ainda não aconteceram."

Anne Frank

Infância

 

Os primeiros anos de vida de uma criança são caracterizados por aquisições, evoluções e desenvolvimentos extremamente rápidos. Cada etapa do desenvolvimento traz novos desafios e algumas preocupações. Os pais questionam-se muitas vezes se o desenvolvimento e/ou o comportamento dos filhos será normal. Pequenos atrasos no desenvolvimento ou simplesmente uma certa lentificação na aquisição de certas competências podem gerar ansiedades fortes nos pais.

A psicologia da infância é uma área da psicologia que possui profundos e sólidos conhecimentos sobre o desenvolvimento infantil e o psicólogo pode, mediante a observação e a interação, perceber se o seu desenvolvimento se está a processar dentro dos parâmetros esperados, se está lentificado, ou pelo contrário acelerado. Para além dos problemas de desenvolvimento, as crianças podem apresentar uma série de outras dificuldades que são também facilmente identificadas por um psicólogo devidamente treinado ou até mesmo pelos familiares e/ou professores. 

A criança não tem a mesma capacidade que o adulto para se expressar verbalmente. Agressividade, birras, medos, xixi na cama, dificuldades em dormir ou comer, choro fácil, apatia, são muitas vezes a forma de manifestar que algo se passa e lhe está a causar sofrimento. No entanto, existe uma certa tendência a desvalorizar os sinais que a criança vai dando e aguardar (esperar para ver), o que pode comprometer um desenvolvimento harmonioso.

Em que casos se aplica?

 

A infância é marcada por grandes desafios do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo, emocional, escolar e social. Todas as crianças são diferentes e, por vezes, surgem preocupações em uma ou várias áreas da sua vida. 

Algumas das dificuldades que podem ser sentidas pelas crianças e que devem ser alvo da atenção (e eventualmente psicoterapia) de um psicólogo:

Problemas relacionados com a aquisição da fala ou da marcha;
Problemas relacionados com o controle dos esfíncteres (enurese, encoprese);
Dificuldades no sono - pesadelos e insónias;
Dificuldades relacionados com o desempenho escolar (insucesso, desmotivação, ansiedade) Hiperatividade e défice de atenção;
Dificuldades relacionadas com a alimentação (recusa alimentar, compulsão alimentar, anorexia, bulimia);
Problemas de comportamento - Agressividade e violência, comportamento desafiante;
Birras;
Medos e ansiedade (fobias e ansiedade); T
risteza, apatia e indiferença (depressão);
Isolamento e dificuldades de relacionamento com os pares.

Os pais são quem melhor conhece a criança, pelo que qualquer sinal que os alarme deverá ser alvo de avaliação.

 

Qual a duração média da psicoterapia?

A duração depende da complexidade da problemática, mas raramente será menos de um ano. A criança não tem a mesma capacidade de se expressar que o adulto e tem também mais dificuldade em lidar com as situações e emoções que surgem na psicoterapia, motivo pelo qual o psicoterapeuta tem de ser prudente e respeitar o seu ritmo para não aumentar a sua angústia e desorganização emocional.

 

Os pais participam nas sessões?

A partir dos 3 anos, habitualmente os pais não participam na sessão, exceto quando a criança tem muita dificuldade em separar-se deles, aspeto que será gradualmente trabalhado, ou em situações específicas em que o psicoterapeuta considere essencial observar e intervir diretamente na relação pais-criança. Na maioria dos casos, a não presença dos pais promove a confiança que a criança deposita na relação terapêutica e facilita a intervenção.

O psicoterapeuta falará com os pais mediante uma regularidade estipulada, ou quando se justificar.

 

Como funciona?

 

O processo tem início com uma recolha detalhada de informação junto dos pais, com vista à averiguação das suas preocupações e da história pessoal e familiar. A criança é um elemento integral e fundamental na família, pelo que o contexto familiar assume um papel preponderante no seu desenvolvimento e, consequentemente, na compreensão da problemática e na psicoterapia, se esta se justificar.

Seguem-se cerca de quatro sessões de observação e interação com a criança, para avaliar se as alterações ou dificuldades que apresenta são um problema do seu desenvolvimento ou uma etapa normal do seu processo evolutivo, para além de se averiguar se a criança dispõe de recursos para ultrapassar esta fase. Algumas vezes basta prestar alguns esclarecimentos aos pais e partilhar algumas estratégias. Noutros casos, confirma-se uma problemática que requer intervenção psicoterapêutica.

Uma intervenção atempada pode minimizar o risco de agravamento e instalação de quadros psicopatológicos complexos. Quanto mais tarde se inicia esta intervenção, maior o impacto das dificuldades da criança no seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social, bem como o aumento do seu sofrimento (e dos pais).

Na psicoterapia infantil, é necessária uma abordagem especializada, que vá de encontro às fragilidades e capacidades da criança, através do seu meio privilegiado de comunicação: Brincar. Através do desenho, do jogo simbólico, das histórias, da dramatização, o psicoterapeuta ajuda a criança a descobrir as suas emoções, necessidades e potencialidades, e a expressá-las de forma mais ajustada, facilitando a contenção emocional e promovendo a transformação adaptativa.

Grande parte dos quadros psicopatológicos no adulto tem origem em vivências precoces. Como tal, a psicoterapia infantil é essencial para a construção de um adulto com melhores recursos emocionais e maior capacidade de gerir a relação consigo próprio e com os outros.

 

Qual a duração das sessões?

A 1ª sessão com os pais dura 60 a 90 minutos. As sessões seguintes têm, habitualmente, a duração de 45/50 minutos.